PLOC REVIVAL: BREGA OU CHIC? OMBREIRAS E UM POUCO ALÉM

Bailarina do Papai...

A moda agora é...uma variedade de estilos e épocas! Assim como toda arte tem sua fonte inspiradora, a moda, sendo uma forma de expressão desta, não poderia ser diferente.

O assunto do momento é o revival das ombreiras. Essa postagem, sob análise íntima de minha história, se revela quase irônica, quando uma de minhas falas mais constantes acerca dessa década se resumia no seguinte: " Moda dos anos 80 deveria ser esquecida. Ô coisa brega!!! Desde as ombreias, até os penteados e maquiagens! Ainda bem que vivi minha infância oitentista, resguardando todo meu estilo e bom gosto para o que viria a seguir ( se bem que não foi lá essas coisas...anos noventa tem um "Q" de brega também)".

É..agora vocês devem estar pensando, "língua fala, língua paga"; e com toda razão e propriedade do termo. 

Ainda não sei se curto ou não essa moda de ombreiras. Alguns looks que separei para postar aqui, são de extremo bom gosto, mas acredito que a roupa deve "falar" por você...exprimindo seu jeito, estilo e personalidade. Por essa razão, ainda não me senti à vontade para ousar algo "novo" nesse sentido.

Nossa moda, num contexto geral, têm sido bem mais "resgatada" do que criada. O novo, agora, se baseia e origina, no velho e retrô. É quase uma adaptação de estilos, uma transformação de visuais que um dia, expressaram a cultura e modos de uma sociedade que já não existe mais, com seus hábitos, costumes e expressões característicos de seu tempo.

Por isso, fico me perguntando...o que temos de original nisso? A ombreira, tema do presente post, é, de fato, característica essencial da década ploc. Não há que se comentar de tal período histórico sem levantar sua existência e importância no cenário high fashion da época. Claro que pelo prisma histórico de originalidade, a moda oitentista também buscou sua fonte nos anos vinte, dourados e da brilhantina,  mesclando estilos em busca de um produto original. Ainda assim, foi uma moda rigorosamente "típica" daquela década, sem confundi-la com nenhuma outra antecedente à sua criação.

Os pinks chocantes, maquiagens exageradas, lenços e tecidos específicos da década de oitenta, originaram-se do baú retrô e vintage dos anos 30, 40, 50 e 60 transformando o clássico reinventado por Coco Channel, o vintage dos anos dourados e o retrô dos melindrosos, em moda particular e adaptada à nova década, penúltima do século e hoje lembrada e revivida como tempos do "ploc". 

Engraçado como todos compartilhamos uma nostalgia específica desse tempo. Chega a ser sinestésica a saudade e a lembrança. Desde Balão Mágico,Trem da Alegria, Blitz, Show da Xuxa, Os Trapalhões, até o formato do vinil, o cheiro do ping-pong, as propagandas da "Estrela", os jogos "Jogo da Vida", "Elas por Elas", "Imagem em Ação", "Pogoball", "Lango Langos" e assim adiante.

Lembro de sair na rua vestida à la Xuxa, com sua botinha e sainha branca com  a marca de um beijo na ponta da saia, jaquetina jeans, óculos de gatinha rosa e cabelo preso com aqueles elásticos cheios que "gueri gueris" de menina. Ainda por cima pegava o batom vermelho de minha mãe e ia desfilando ao seu lado pela rua crente que era gente grande...Ficava irritadíssima quando um adulto olhava pra mim e dizia: "Aiii, mais que coisa mais fofa....que gracinha!!!". Sempre fui bravinha até demais e de personalidade forte, por isso detestava quando me tratavam como criança! Mas inegável...hoje, quando lembro, era um charme!!

Saudade de quando ia dormir ouvindo "Ursinho Pimpão" na vitrola do quarto. Saudade de vibrar quando começava Carrossel no SBT, de quando eu tinha medo do boneco do Fofão e de quando o Bozo foi xingado em rede nacional. Lembro do Chacrinha, Cazuza, dos Miquinhos Adestrados, Léo Jaime, Leoni...Patricia Marx cantando a música que eu mais adorava, "Estrela Cadente", dos aniversários na "Mikonos" e na "Vogue" (pessoal do Rio de Janeiro deve lembrar), Chapolin e Chaves, das minhas Barbies e sua casa, do meu castelo da She-ha, da casinha de boneca da Turma da Mônica...e até das propagandas do D-I-JO, Tandy e do Bocão, das gelatinas Royal. Isso sem contar das propagandas do Quick - Faz do leite uma alegira!!!! Se bem que essa última lembrança tem um "q" de frustração... 

Sempre fui o "O" pra comer. Minha mãe tinha que se virar em mil pra fazer com que eu sossegasse um pouco e comesse que nem gente. Mas diante dessa dificuldade toda, sabiamente, ela adotou uma técnica INFALÍVEL para que eu tomasse o achocolatado "Quick" rapidinho e sem pestanejar. Toda vez em que misturava o Quick no copo de leite com a colher, ficava me dizendo que via o coelhinho da propaganda e forjava uma conversa extensa com ele, só pra me "engambelar", dizendo que, "daquela vez", eu iria tomar o leite mega rápido para conseguir vê-lo no fundo do copo!!! RESULTADO: eu quase me afogava no copo de leite tentando ver o maldito coelho...e nada. Niente. Never. Nunquinha ele esteve lá...

Hoje, posso afirmar que superei esse terrível trauma e até chego a aplicar a "técnica do coelho" quando necessária para entreter alguém ou desviar sua atenção...Uma amiga minha, em especial, sabe bem do que estou falando!!

Enfim, saudosismos à parte, chegou a hora de postar as imagens. Mas antes, vale lembrar, que a morte do rei do Pop, Michael Jackson, incentivou ainda mais o mercado da moda para criação de peças inspiradas em seu estilo. Só acho uma pena, um ícone da música e um dos poucos imortais da fama, ter sido homenageado post mortem, quando anos e anos se passaram com a mídia ridicularizando sua imagem, com as rádios esquecendo de suas músicas e até o público, uma vez fiel, esquecido de seu ídolo.

Temos que aprender a valorizar tudo o que temos, agora, sem rodeios e nem devaneios. Tudo muda a todo isntante...e quando nos damos conta, o momento já passou, o cabelo cresceu, as roupas antigas já não cabem mais... O melhor da saudade é quando podemos senti-la com a consciência de que aproveitamos o tempo passado da melhor forma possível, sem deixar nenhuma porta ou janela abertas, para um dia, a saudade vir acompanhada da infortúnia frustração. Assim se cumpre o melhor destino, sempre.